Depois dos anos 70, estive algumas vezes Olivença, uma das quais para participar num evento que se realizou numa magnífica sala da Torre de Menagem. Pude experimentar a subida de algumas das 17 rampas que dão acesso ao cimo da torre. Em cada uma dessas visitas, já se notavam mudanças significativas na cidade, quer no que respeita aos equipamentos sociais, quer ao crescimento da área urbana.
Estes dias soalheiros do mês de Março convidam a sair e a (re)descobrir terras e paisagens. Foi assim que surgiu a ideia de voltar a Olivença.
Tomando a estrada que sai de Badajoz, o caminho para Olivença permite observar a planura de campos bem cuidados e cultivados. Chegados aos arrabaldes, pode desde logo verificar-se o crescimento da cidade para Norte e para Oeste, articulado com as estradas que ligam a Badajoz e à nova ponte da Ajuda. Algumas indústrias, das quais se evidencia uma grande fábrica de móveis, e armazéns, surgem junto à estrada de Badajoz.
Desta vez, a visita concentrou-se no núcleo histórico que corresponde à cidadela medieval.

Igreja da Madalena
O largo fronteiro à Igreja da Madalena não é mais de terra batida. Foi pavimentado, parte com calçada portuguesa, dando outra dignidade ao monumento. O interior pode ser visitado porque existe uma pessoa que recebe os visitantes, os apoia fornecendo toda a informação necessária e que esclareceu que podíamos tirar fotografias, sem qualquer restrição. A igreja está muito bem cuidada e, nesta altura, já com imagens preparadas para a Semana Santa.

Plaza de la Constituición
À esquerda, o palácio dos Duques de Cadaval
A Plaza de la Constituición, não é mais que um alargamento de uma rua onde que se situa o palácio dos Duques de Cadaval. Actualmente, não tem nada a ver com a antiga Plaza de España (com a democracia, mudou alguma toponímia). Foi pavimentada, parte com calçada portuguesa, arborizada e dotada de mobiliário urbano que não possuía.
Passando o arco contíguo ao palácio dos Duques de Cadaval e seguindo a rua do mesmo nome, encontra-se a Igreja de Santa Maria do Castelo.

Igreja de Staª Maria do Castelo
Tal como na Igreja da Madalena, também foi possível visitar esta igreja, admirar o seu interior e observar os preparativos para a Semana Santa. É interessante analisar as características das imagens de santos que reflectem, umas, a origem portuguesa e, outras, já o gosto espanhol.

Entrada para o castelo e museu etnográfico
À direita, a base da Torre de Menagem.
À esquerda, os vestígios nas muralhas das construções que foram demolidas.
É neste espaço que se notam grandes mudanças. Nos anos 70, o espaço compreendido entre a igreja e as muralhas estava quase todo ocupado com casas que escondiam parte deste conjunto monumental. Essas casas foram demolidas e um amplo largo cuidadosamente pavimentado permite admirar toda a beleza do conjunto.

Largo em frente da Igreja de Stª Maria do Castelo.
Aqui vale a pena visitar o Museu Etnográfico González Santana. Foi instalado num edifício do século XVIII, anexo ao castelo. Ocupa dois andares do amplo edifício, tem um acervo considerável que ilustra a riqueza da cultura oliventina. Também aqui foi possível fotografar uma peça rara, exposta como o destaque do mês, uma roda de expostos (
ver).

Pátio interior do castelo e de acesso ao Museu Etnográfico
A diferença da hora legal pregou-nos uma partida, não permitindo a visita à Torre de Menagem. Ficará para outra ocasião.
Saindo para a Rua Ruperto Chapí e virando à direita, pode ver-se parte do fosso que contornava a cidadela medieval, recuperado recentemente. Daqui pode também observar-se o imponente edifício do Quartel de Cavalaria que foi recuperado para ali funcionar uma escola, mas que agora está ocupado pela Universidade Popular, destinada a adultos.

Arcadas do edifício do Museu Etnográfico
O rés-do-chão do edifício do museu etnográfico é agora um espaço de arcadas, visto que foram demolidas as paredes que escondiam esta estrutura.

Muralha e Porta de Alconchel
Atravessando as arcadas, acede-se a um espaço amplo, com a muralha exterior visível, na qual se abrem as Portas de Alconchel. Também aqui se procedeu a obras de limpeza, demolindo as casas que escondiam a muralha.

Porta de Alconchel
Entrando na rua iniciada com as Portas de Alconchel, pode ainda ver-se a porta lateral da Igreja de Santa Maria do Castelo, em estilo manuelino, e, à esquerda, a rua que termina no que resta das Portas dos Anjos.

Porta lateral da Igreja de Santa Maria do Castelo
Deambulamos ainda pelas ruas de Olivença, à hora da sesta completamente desertas, contrastando com o movimento da manhã.

Calle Espiritu Santo à hora da sesta.
Ao fundo, as Portas dos Anjos
Vale a pena fazer esta visita. E muito mais há para ver.
Olivença é um exemplo de cuidado e preservação do património de uma terra que, no dizer de um folheto turístico, “não esquece e honra, muitas das interessantes e valiosas tradições herdadas outrora, da vizinha nação portuguesa”.
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