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Tornou-se moda criticar a escola e os resultados dos alunos atribuindo os maus resultados à influência do "eduquês". E o que será esta coisa? Nada mais do que a nefasta influência das Ciências da Educação e, sobretudo, das concepções construtivistas da aprendizagem. Nuno Crato chega mesmo a atribuir ao construtivismo a responsabilidade pela catastrófica situação da educação em Portugal.
Mas em que se baseiam estas pessoas bem pensantes para fazer esta crítica? Embora não o digam explicitamente, parece que chegam a estas brilhantes conclusões através dos discursos que se foram produzindo desde há alguns anos pelo Ministério da Educação, principalmente desde que foi Secretária de Estado a Prof. Ana Benavente.
O que eles não sabem é que nem sempre há coincidência entre os discursos oficiais e a prática nas escolas.
Será que foram investigar a relação entre os maus resultados e as práticas dos professores?
Será que os professores que procuram adequar as suas práticas aos princípios da concepção construtivista da aprendizagem são os que têm piores resultados?
Desconhecem que muitos professores continuam a ensinar segundo o método tradicional, o tal que lhes permitiu serem "senhores doutores", em que o professor transmite o seu saber e supõe-se que os alunos aprendem quando conseguem reproduzir o mais fielmente possível esse discurso?
Se estes senhores se informassem melhor, talvez evitassem transmitir para a opinião pública ideias erradas sobre os problemas de que enferma a educação, cuja situação é muito complexa.
Um dos exercícios que poderiam fazer era comparar os programas que eles próprios tiveram enquanto alunos e os programas actuais. Talvez tivessem uma surpresa. E os programas, embora nas intenções pareçam orientar-se pelo construtivismo, os conteúdos desmentem essas intenções. Reflectem mais as modas e paradigmas das disciplinas, transferindo do ensino superior conteúdos por vezes pouco adequados ao ensino básico e secundário.
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