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Foi numa tarde de Novembro com o céu coberto de nuvens a prometer chuva. A intenção era revisitar Barbacena e algumas das suas belas chaminés. No entanto, não perco a oportunidade de ir registando casas tradicionais cujo destino é muito incerto, sendo muito provável que, mais dia, menos dia, venham a desaparecer.
Numa das ruas, contrastando com casas bem arranjadas, esta com aparência de estar abandonada. Só não imaginava que viesse a suscitar uma acesa discussão entre duas vizinhas. Já me tinha afastado, quando ouvi uma voz, em tom bastante alto, a dizer para outra que não percebia por que razão andavam para ali a fotografar estas casas em tão mau estado. Ao que a outra voz respondia, concordando que não percebia as intenções de forasteiros interessados em coisas que não têm qualquer préstimo e só desmerecem no conjunto da povoação.
Como já estava bastante afastada, acabei por achar que não valia a pena voltar atrás e dar algumas explicações. Até porque não tinha a certeza de ser entendida...
Não foi esta a primeira vez que me aconteceram cenas parecidas com estas. Ninguém estranha que se fotografe uma igreja, um palácio ou um qualquer monumento. Mas estas casas que estão a desaparecer e são testemunho da história das terras alentejanas, ninguém lhes dá qualquer valor.
É evidente que, para os habitantes das povoações, elas representam tempos difíceis, muita pobreza e desconforto. Mas devia existir, por parte de alguma entidade, o interesse por preservar, pelo menos, parte de um património que não sendo monumental, faz parte da cultura alentejana.
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