Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Três apontamentos de uma viagem no Parque Natural da Serra de S. Mamede, a partir de Mosteiros e passando por Besteiros, Soverete, Rabaça, S. Julião e Porto da Espada.
O último dia de Primavera amanheceu enevoado. Com a aproximação à Serra de S. Mamede, o que tinha começado como uma névoa, foi-se transformando num nevoeiro que se adensou com a altitude. A paisagem escondeu-se para apenas se revelar quando o Sol dissipou o nevoeiro, nas imediações de Rabaça. Então surgiu o relevo vigoroso da parte mais oriental da serra, com as encostas cobertas sobretudo de vegetação arbustiva, com especial destaque para as estevas. No ar havia um perfume indescritível. Uma mistura de cheiros a esteva, alguns pinheiros e eucaliptos e, provavelmente, outras plantas não identificadas. Nos cortes da estrada via-se a rocha dominante nesta parte da serra, o xisto, com as suas finas camadas brilhantes e sedosas ao tacto. Por vezes, no cimo das elevações, as cristas de quartzito rompiam vigorosamente em alinhamentos estreitos e de contornos irregulares.
As estradas são estreitas e sinuosas, chegando mesmo a não caber mais do que um automóvel. A raia está, por vezes, bem perto. Num ponto do percurso, uma estrada estreita subitamente alargou e o que era território de Rabaça, passou a ser de Rabaza, sem que qualquer placa nos indicasse que aquele território já era Espanha. Invertendo o sentido da marcha, lá estava, afinal, a placa que indicava o começo de Portugal.
A estrada que liga Rabaça a S. Julião percorre uma encosta virada a Oeste, sombranceira a um amplo vale cultivado e com um povoamento disperso. As localidades são pequenas e desempenham a função de centros de uma actividade agrícola que beneficia de condições naturais favoráveis. Com a aproximação a Porto da Espada, surgem os castanheiros, cobertos de flor nesta época do ano. Esta povoação é a maior e mais interessante neste percurso.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.