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Como na maior parte das aldeias, vilas e cidades, é preciso tempo para passear calmamente pelas ruas e ir procurando motivos e detalhes que passarão despercebidos a uma visita mais apressada.
Numa das ruas mais antigas, a Rua do Crato, encontra-se esta peça esculpida em mármore encimando uma porta.
Janela geminada renascentista.
Se tivesse de classificar as terras em função de uma cor, diria que Alter do Chão é uma vila amarela. É claro que as casas são pintadas de branco. Mas nos rodapés, no enquadramento das janelas e portas, em elementos decorativos, predomina o amarelo.
Casas, uma das quais já terá sido uma capela.
O frontão da entrada de uma quinta
A parte superior e torres sineiras da igreja do convento de Santo António, construção do século XVIII.
A janela de uma casa
Já há muito tempo que não passava nestes campos da parte norte do concelho do Crato e, sobretudo, nesta altura do ano.
As arroteias e o cultivo das terras mais a sul, teve como consequência o desaparacimento de muitas espécies da flora local. Por isso, não existe no ar o aroma forte da vegetação espontânea característica das regiões de clima temperado mediterrâneo.
Pelo contrário, nestas áreas do nordeste alentejano, num dia quente de primavera, mas já anunciando o verão, tudo rescende: o aroma dos eucaliptos mistura-se com o da giesta em flor e o da xara (esteva).
Nos arredores de Monte da Pedra, a giesta em flor e uma pequena amostra dos afloramentos de granito que justificam o nome da aldeia.
Hoje, na estrada entre o Crato e Monte da Pedra.
São várias as fontes que se podem ver no casco urbano de Alter do Chão. A mais conhecida é a Fontinha, toda em mármore, localizada na Praça da República. A data de construção é de meados do século XVI e foi mandada fazer pelo Duque de Bragança D. Teodósio I.
Do final do século XVIII existem dois chafarizes, o da Barreira e dos Bonecos, com elementos de alvenaria e trabalho em massa muito ao gosto popular.
Outra fonte, mais recente, toda em granito, localiza-se num largo enquadrado pela Capela de Sant'Ana e pela antiga escola primária com a tipologia das escolas da 1ª República. Está integrada numa área de crescimento recente da vila.
Pela sua simplicidade, chamou-me também a atenção o fontanário junto ao Mercado Municipal.
Destas fontes fixei alguns apontamentos.
Os tritões, esculpidos em granito, da fonte no largo onde se situa a Capela de Sant'Ana (Rua da Infância).
A parte central do frontão do Chafariz dos Bonecos. Localizada no extremo sul da vila, junto à praça de touros, o seu nome deriva de pequenas esculturas que tinha nas extremidades e no coroamento. Nota-se que foi cortada e muito modificada.
Um pormenor do Chafariz dos Bonecos
O fontanário que se encontra encostado à parede do edifício do Mercado Municipal. A bacia de recepção da água, o enquadramento da bica e o enfeite por cima do painel de azulejos são de granito.
Pelourinho de Alter do Chão, em granito. Construído no 1º. quartel do séc. XVI, estilo manuelino, composto de coluna torsa, com decoração vegetal.
Pormenor da decoração da coluna
A Natureza em todo o seu esplendor. Rio, árvores e nuvens.
OS PARAÍSOS ARTIFICIAIS
Na minha terra, não há terra, há ruas;
mesmo as colinas são de prédios altos
com renda muito mais alta.
Na minha terra, não há árvores nem flores.
As flores, tão escassas, dos jardins mudam ao mês,
e a Câmara tem máquinas especialíssimas para desenraizar as árvores.
Os cânticos das aves - não há cânticos,
mas só canários de 3º andar e papagaios de 5º.
E a música do vento é frio nos pardieiros.
Na minha terra, porém, não há pardieiros,
que são todos na Pérsia ou na China,
ou em países inefáveis.
A minha terra não é inefável.
A vida da minha terra é que é inefável.
Inefável é o que não pode ser dito.
Jorge de Sena
Alter do Chão é concelho desde o século XIII, quando recebeu o primeiro foral, no reinado de D. Sancho II. No século XVI já pertencia aos domínios da Casa de Bragança. Ainda hoje, o castelo que se destaca no largo principal da vila, é propriedade da Fundação da Casa de Bragança. Ao contrário de outras vilas próximas, cujo núcleo mais antigo se situa no cimo de um monte, o castelo de Alter do Chão ocupa uma área plana. Foi mandado construir por D. Pedro I, em 1359. O facto de estar muito bem conservado parece indiciar que a função residencial foi mais importante que a função defensiva. Escapou à sorte que teve o vizinho castelo do Crato que, em 1662, foi completamente arrasado pelo exército de D. João de Austria.
O castelo está classificado como monumento nacional e há que destacar o cuidado que tem sido posto pela autarquia no seu enquadramento paisagístico.
Roseira de uma vedação que está a ficar coberta de pequenas rosas.
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