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Na mitologia da Antiguidade Clássica, Tritão era um ser marinho que habitava o fundo do mar, filho de Poséidon e de Anfitrite.
Encontra-se representado nestas duas fontes.
A primeira faz parte do conjunto da monumental Fonte das Bicas, em Borba, toda em mármore. Da boca do tritão sai uma bica por onde a água corre para o tanque. Existem dois tanques destes, um de cada lado do tanque principal. Este é o do lado esquerdo, cujo tritão está intacto, ao contrário do que se encontra à direita que foi danificado.
A segunda é a Fonte do Vassalo em Arronches que tem dois tritões também de mármore, entrelaçados, cuja cabeça se situa simetricamente em relação à bica.
Árvores em primeiro plano, a seguir prédios, floresta de antenas de televisão e..., ao mesmo nível, surge uma palmeira! Será que nesta terra crescem palmeiras nos telhados?
Não, ainda não temos fenómenos destes por aqui. É tudo um problema de perspectiva e de uma cidade cujo núcleo mais antigo se ergue numa colina.
Elvas, Junho de 2007
Não podia deixar de aderir à iniciativa de espalhar pela net o apelo para que o Rui Pedro não seja esquecido e que sejam desenvolvidos esforços para o encontrar.
O que mais me encanta nas terras não são os grandes monumentos mas pormenores que podem escapar à primeira vista.
Na visita que fiz a Borba, pude passear com vagar pelas ruas, espreitar corredores e pátios, observar janelas.
Porta ogival num corredor escuro e fresco que estabelece a comunicação entre a rua e um pátio.
Pátio com as paredes pintadas ao gosto alentejano e que, contrastando com a penumbra do corredor que lhe dá acesso, encandeia pela luminosidade que se reflecte intensamente no branco das paredes.
Algures, numa outra rua, uma janela pouco comum na região. As guardas são de madeira e pintadas de uma cor que me lembra o roxo-rei com que se pintavam os rodapés das casas. A delicadeza das cortinas casa bem com o resto da janela.
O aloendro, também conhecido por loendro, cevadilha, adelfa (Nerium oleander) é um arbusto ou pequena árvore da região mediterrânea que no Verão se cobre de flores de cores que vão do cor-de-rosa vivo ao branco. Encontra-se em ravinas, nas margens ou nos leitos secos dos cursos de água e bermas das estradas. É muito utilizado como barreira nos separadores centrais das auto-estradas.
Flores de um aloendro branco à beira de uma estrada.
Flores de um aloendro cor-de-rosa claro de um jardim.
As primeira flores dobradas cor-de-rosa do aloendro do meu jardim.
Todas as partes da planta são tóxicas. Parece que os únicos seres que toleram a sua toxicidade são uns pulgões amarelos que tento combater mas que são muito persistentes e resistentes. Este ano estão particularmente agressivos.
Uma das lembranças mais fortes da minha infância é o coreto que dominava completamente um dos áridos largos da vila do Crato, na altura apenas com algumas árvores nos limites. O largo foi, entretanto, ajardinado mas o coreto lá continua a marcar a sua presença.
Foram muitos os concertos a que assisti, abrilhantados pela banda filarmónica, com um reportório de muita qualidade que incluía música clássica, árias de óperas, além das marchas e outras peças normalmente tocadas pelas bandas. As pessoas enchiam o largo, levando as suas cadeiras para assistirem mais comodamente ao espectáculo.
A banda também realizava concertos no cinema, mas nada chegava aos concertos no coreto.
Este reviver de tempos passados foi suscitado pelo coreto de Borba, vila que visitei há pouco tempo.
O coreto de Borba
Neste mês de Junho chega a altura da ceifa dos cereais. As máquinas, ao mesmo tempo que cortam as plantas, vão separando o cereal da palha que é logo compactada em fardos que, durante algum tempo, salpicam os campos.
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A paisagem muda de cor, dominando o tom seco do restolho.
Para lá dos campos cultivados e limpos, surge o montado de azinheiras (Quercus ilex).
Azinheira solitária
Fotos: 12 de Junho de 2007, Estrada Nacional nº 4, próximo de Elvas
A vila de Borba tem um comércio muito especial: as antiguidades e as velharias. Alguns dos objectos que as lojas têm para venda encontram-se no passeio. Registei estes porque me pareceram muito interessantes e ambos estão relacionados com a água e a sua utilização.
Antes da construção do sistema de distribuição de água ao domicílio , as pessoas tinham de se deslocar às fontes para trazerem para casa a água de que precisavam para o consumo doméstico. Eram, geralmente, as mulheres que iam à fonte, carregando muitas vezes os cântaros à cabeça. Mas também existiam os carrinhos de mão, onde se colocavam os cântaros, possibilitando transportar mais de um em cada viagem.
Este que se vê na foto é todo em ferro, mas eram comuns os construídos em madeira, ficando reservado o ferro apenas para a roda.
Os lavatórios eram uma peça obrigatória nos antigos quartos. Estes estão incompletos, falta-lhes o jarro para a água limpa e o balde que recolhia a água da bacia, depois de utilizada na higiene das pessoas. A saboneteira era outro acessório deste conjunto. O lavatório, o jarro e a saboneteira eram, neste caso, de ferro esmaltado.
Já desanimava por não ver este ano os jacarandás (Jacaranda mimosifolia). Mas, nos últimos dias, ainda consegui ver nesta região alguns exemplares, dos quais este é o mais bonito.
Este jacarandá pertence ao jardim da Escola Secundária de Elvas, onde existem outras árvores que contrastam com as que se encontram em espaço público, no passeio. Estas últimas foram submetidas ao processo de poda muito em voga nas autarquias. Apresentam copas com formas muito estranhas mas pouco naturais.
Veja-se a seguinte, com mais pormenor:
Mais comentários para quê?
Há só um aspecto a salientar e tem a ver com o bem estar das pessoas. Com o calor que se avizinha, as sombras são escassas e percorrer esta rua e todas as outras em que as árvores estão neste estado, é um exercício pouco convidativo. Ísto não tem que ver com a tão apregoada qualidade de vida?
As noras, herdadas dos muçulmanos que viveram nestes territórios, faziam parte da paisagem das hortas que rodeavam as povoações. Serviam para, através de um mecanismo elevar a água dos poços através de recipientes, os alcatruzes (copos é como se designam no Norte), que a vertiam em caleiras que a conduziam a um tanque. Era a partir deste que a água era distribuída pelos campos através de regos.
As bombas de água tornaram as noras obsoletas, as quais permanecem no campo, mais ou menos bem conservadas, como relíquias de um tempo passado.
As duas noras que fotografei era accionadas por animais, geralmente, burros ou muares. Presos à peça que sai do eixo, de olhos vendados, iam caminhando à roda do poço, numa viagem sem fim para lado nenhum.
Nora numa quinta dos arredores de Campo Maior
Nora junto à ponte do Rio de Arronches, em Arronches.
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