Amiga Rosa,
Certamente verificou que essa informação foi dada pelo presidente da CMCM. Mas, o que ele verdadeiramente disse foi que "o coreto instalado foi demolido e irá dar lugar a um outro modelo". Diz mais que "inicialmente não pretendiam mexer no coreto porque tinha algum simbolismo para os campomaiorenses".
Como vê, houve a consciência plena de que se estava a destruir património. E não ha razão para pôr em conflito progresso com tradição. Havia espaço suficiente para construir os ditos sanitários sem interferir com o desgraçado coreto, vítima dos anseios modernistas do senhor presidente. Sugiro que confronte a beleza do demolido coreto com os que pode ver em
http://www.meloteca.com/coretos.htmQuanto a isto, permita-lhe que lhe chame a atenção para os seguintes aspectos:
1. O coreto foi destruído a camartelo, logo, não se trata de restauração. Pode ser que estivesse degradado, mas, parece-me, há hoje técnicas que permitem a recuperação sem implicar a destruição.
2. Quanto ao embelezamente geral, veja o que aconteceu com o lago: a grade de ferro forjado foi substituída por uma de tubos. É claro que esta questão do embelezamente é muito subjectiva. Eu preferia a grade de ferro forjado que estava mais de acordo com uma tradição da terra. E preferia um jardim com árvores do que com relva e empedrado, atendendo até às condições meteorológicas que aqui se verificam no verão.
3. Quando à necessidade de WCs, lembre-se que a poucos metros já existem uns e apenas era necessário pô-los a funcionar mais tempo e com outras condições.
4. No que respeita à modernização do património, o que diria se tivessem destruído os Jerónimos para construir o CCB? Ou então, para não sairmos de Campo Maior, deitar abaixo as muralhas seiscentistas, porque estão degradadas, e construir umas novas, uns muros arrumadinhos e decentes? Assim, em vez do degradado Mártir Santo, que seria arrazado, passariamos a ter um jardinzito a ornamentar a entrada de Campo Maior, para quem vem de Espanha. Já agora, como a Porta de Santa Maria não está lá grande coisa, que me diz de fazermos ali uma entrada mais moderna?
É verdade que não podemos parar no tempo, mas a nossa identidade faz-se também da preservação do património que é, aliás, o que muitas terras estão a fazer.
Acha que Campo Maior vai atrair visitantes para verem modernices?
Mas eu até nem sou a pessoa mais indicada para me preocupar com estas situações. Até nem sou de Campo Maior. Mas, não podemos andar por um lado a defender tradições e, por outro, a apoiar os que as vão destruindo.
Abraço da amiga Júlia