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No semanário Expresso de hoje, dois artigos me despertaram atenção especial.
1. O de Miguel Sousa Tavares, intitulado "Interesse Nacional ou o Saque de Portugal". Com a acutilância que lhe é habitual quando escreve sobre problemas ambientais, refere os riscos que decorrem da nova figura jurídica - PIN (Projecto de Interesse Nacional) -, que vai permitir a aprovação de projectos, mesmo que possam desrespeitar os Planos de Ordenamento do Território. Na prática, constituem excepções aos POT, podem levar a que sejam ocupados com empreendimentos turísticos e imobiliários, terrenos que estão classificados de Reserva Agrícola, de Reserva Ecológica ou mesmo pertencentes à Rede Natura 2000. Parece que as consequências da especulação desenfreada e da ocupação de áreas que deviam ser preservadas não serve de lição para quem decide.
2. O de Clara Ferreira Alves, intitulado "Espinha e o osso", na revista Única, de que se transcreve o seguinte:
"Um dos postos onde a cobardia e a fraqueza são premiados é a política. Não a política em todo o seu esplendor, e sim a pequena política, desenhada em rumores de bastidores e intrigas destinadas à salvaguarda da criadagem e à manutenção do poder. Foi há muito tempo que a política deixou de nos convencer da visão romântica e do desígnio social e há muito tempo percebemos que não é a ideologia que molda a consciência e a consciência que vigia o exercício da autoridade".
Esta introdução serve para Clara F. Alves falar do caso da deputada Ana Gomes e da sua posição de independência, assumindo as suas opiniões e convicções.
Diria que a nível local, apesar de vivermos num regime democrático, há sectores onde os pequenos e os grandes caciques procuram silenciar os que deles dependem, sobretudo se essa dependência tem a ver com a sobrevivência das pessoas. Os pequenos e grandes tiranos não leêm pela cartilha das modernas teorias das organizações, que consideram as pessoas como factor chave do desenvolvimento. Para eles, as pessoas não são "colaboradores", mas dependentes que devem obedecer acriticamente a todas as ordens. E não podem ser vozes discordantes, porque pagarão caro tal atrevimento.
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